quarta-feira, 21 de junho de 2017

Caiçara, seu Nicinho conta sua história através da arte


No bairro de Barequeçaba, caminho para as praias da costa sul de São Sebastião, vale a pena dar uma paradinha e conhecer a loja/ ateliê do seu Nelson dos Santos, mais conhecido como seu Nicinho.
Caiçara nato, nascido em 1945, no final da 2ª Guerra Mundial, ele sempre morou neste bairro, onde os seus pais viviam da peça e da roça.
Seu Nicinho é aposentado da Prefeitura. Ele tem muitas memórias da época em que trabalhava como braçal e ajudou a abrir as ruas do bairro, hoje repleto de casas bonitas de alto padrão.


A casa dele foi reformada, mas continua no mesmo terreno onde sempre morou com os pais. Hoje, por causa do desenvolvimento, ela está à beira da estrada Rio- Santos.
Em 1982, ele aprendeu sozinho a fazer artesanatos com caixeta. Não foi fácil, mas com persistência e muito treino conseguiu descobrir um jeito de moldar as peças. 


- Eu fazia as gaiolas e certo dia uma turista perguntou se eu fazia também os passarinhos, na hora eu não entendi, pensei que ela quisesse que eu prendesse os passarinhos, mas ela me explicou e eu passei comecei a fazer isso nas horas vagas até aprender. 



O aprendizado seu Nicinho já passou adiante para o filho, também conhecido por Nicinho, que ficará responsável por preservar e divulgar a técnica.
A madeira da caixeta é bastante maleável e muito utilizada na cultura caiçara, como para a produção de instrumentos musicais e no artesanato.


 
Ela é uma dessas espécies com vários apelidos: também é conhecida como caxeta, tamanqueira, pau-viola, peroba-d’água e tabebuia.

Tamanqueira?

Seu Nicinho lembra que antigamente os barcos levavam a madeira de São Sebastião até o porto de Santos, onde era exportada para Portugal e se transformava em tamancos.
“No passado, Barequeçaba tinha muita caixeta porque era um mangue, mas hoje eu compro dos índios de Boracéia”, conta.
No ateliê, é possível ver uma diversidade de pássaros e objetos que rementem a cultura caiçara, que é o universo do artista.
Muitas peças já foram exportadas para outros países. Inclusive, quando estivemos lá, ele estava fazendo um tucano de quase 1 metro que seria enviado para a Alemanha.
Seu Nicinho é um senhor de conversa agradável, alegre e com grande conhecimento para transmitir a nova geração sobre um tempo em que a cidade era muito diferente e o tempo passava mais devagar. Eu adorei conhece-lo e pretendo voltar mais vezes.



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