quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Quem procura, acha


A minha curiosidade não tem limites, eu pensava assim até que cheguei à casa de Mãe Silvana.
Era noite e fui acompanhada por uma amiga, cliente antiga da dona da casa.
Eu estava ali para jogar tarô e descobrir como a minha vida seria nos próximos dias, meses e anos. 
Antes já tinha ido em uma consulta com um psicólogo famoso para tentar fazer uma regressão e descobrir o que fiz em vidas passadas. Não consegui, mas essa é outra história.
Nessas duas vezes em que fui atrás de descobrir o futuro e o passado, estava muito tranquila e feliz, apenas movida pela curiosidade.
Mas, se a vida está tranqüila porque procurar sarna para se coçar?
É simples, eu sinto medo de que tudo mude de repente. Será que apenas eu sou assim?
A minha mãe comentou que eu preciso acreditar que mereço ser feliz. Já me falaram também que pensar em tristeza atrai tristeza. A gente pensa e acontece.
Enfim, estou aprendendo a lidar com isso, mas no dia em que fui à casa de Mãe Silvana esperava apenas me antecipar aos fatos e assim obter mais controle sobre a minha vida.
Não seria bom se pudéssemos estar sempre preparados para enfrentar as dificuldades, as perdas e as doenças?
No começo tudo correu bem.
Eu tinha feito um check-up há pouco tempo, a paz reinava na minha casa e no trabalho. Algumas turbulências, mas as cartas me garantiam que nenhum buraco negro me forçaria a um pouso forçado.
O céu estava para brigadeiro.
Mas, aí a Mãe Silvana mudou de assunto e contou que dois parentes meus descobririam uma doença grave.
- Quem?
- São próximos?
- É sério? Muito sério? Quanto?
Ela não soube responder a essas perguntas, me fez aquele olhar que diz “a coisa vai ficar feia” e meu coração soluçou.
- Outra coisa, acenda um incenso e reze o Pai Nosso, a Virgem Maria porque você corre o risco de acidente com o seu carro.
Fui embora e na primeira curva já tinha analisado toda a conversa e concluído que não deveria levar os conselhos de Mãe Silvana a sério. Um dia depois, já era passado.
Mas, poucas semanas se passaram quando a minha tia descobriu que estava doente; logo adiante foi a vez do meu tio.
Cheguei a pensar que deveria ter alertado a todos sobre as palavras da Mãe Silvana, talvez pudesse ter feito com que fossem procurar ajuda mais cedo.
De que vale o conhecimento, se não fazemos uso dele? Eu me senti culpada e frustrada.
Quando vi lá estava eu com incenso, rezando em volta do carro.
Os meus dois tios estão bem e o carro eu já vendi.
Na real, se eu tinha alguma curiosidade sobre o futuro ou o passado, depois de Mãe Silvana, passou.
Aprendi o meu limite.








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