segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O descompasso do coração

Hoje acordei com uma sensação estranha, como se eu tivesse esquecido alguma coisa e não desse mais tempo para consertar o erro. Levantei da cama de um pulo, corri para começar a me arrumar e de repente parei. Aonde mesmo que eu tinha que ir?
Era cedo demais para qualquer coisa, com o coração aos poucos voltando para o ritmo normal, retornei para cama e passei a refletir sobre aquele descompasso.
Será que isso só acontece comigo?
Há pouco tempo conversando com uma amiga muito querida, me surpreendi ao saber que ela estava tomando remédios para conter a ansiedade.
Ela que sempre me pareceu tão calma, forte e segura de si. Claro, que guardei a surpresa para mim, mas não resisti à pergunta: Qual a razão de tanta ansiedade?Ela passou a contar que sempre fora uma pessoa altamente positiva até que as coisas mais improváveis passaram a acontecer. Era como se o otimismo pela vida se transformasse em uma espécie de cegueira particular. E
Ela sentiu como se tivesse perdendo a razão ao tentar ver o mundo cor de rosa.
Então, passou a fazer o contrário. Hoje ela sente que tudo pode e vai acontecer uma hora ou outra e isso eleva a mil o seu grau de ansiedade. Estará preparada para quando esse dia chegar? Que dia será? Hoje? O que vai acontecer? Como deve agir para não decepcionar?
Decepcionar. Essa também é uma das suas maiores preocupações.
E não é que poucos dias depois dessa nossa conversa eu assistia a um programa na TV sobre pais super protetores e de repente me deparei com o mesmo problema: filhos altamente ansiosos por medo de decepcionar os pais.
“Os pais querem que seus filhos sintam-se especiais e depois eles temem não corresponder a essa expectativa, vivem ansiosos e muitos caem na depressão. O modelo de pais super protetor não está criando filhos mais felizes, está?” , questionava a psicóloga.
Ser otimista e amar demais estão fazendo as pessoas adoecerem? Talvez o problema esteja na palavra “demais”, talvez a gente esteja apenas precisando simplificar as coisas.
 Essa manhã eu lembrei quando era menina e adorava brincar com as loucinhas de barro que a minha avó Zenita trazia de Santa Catarina.
Eu preparava as comidinhas com os matinhos do jardim e depois arrumava a mesa, que considera um grande banquete. Tudo simples, mas aos meus olhos era o auge da realização.
Água no bule, flores na mesa, matinhos no prato e muito tempo para criar histórias de fadas, aventuras e romances. O simples às vezes é o mais difícil.  
 
 

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