terça-feira, 18 de novembro de 2014

O QUE ESSES ANIMAIS VÃO COMER NO MÊS QUE VEM?



Após mais de 10 anos, decidi visitar a Fundação Animália, que mantém e atende os animais silvestres capturados pelo Ibama. Na verdade, eu acordei com um pensamento fixo de ir até lá. Entrei na internet em busca do número do telefone e consegui.


Liguei, liguei e ninguém atendeu.


O lugar onde está a Fundação tem um acesso complicado, justamente porque o objetivo é que seja isolado, longe do contato com os humanos. E eu pensei? E se eu for até lá e não existir mais a Fundação? E se não tiver ninguém para me receber ou se eu não puder entrar?

 
Quer saber? Deixei todas as dúvidas de lado e fui até a sede da Fundação Animália, localizada no Morro do Abrigo, em São Sebastião, e eu descobri que a minha visita tinha um propósito: tentar sensibilizar as autoridades, principalmente da Petrobras, para manter os animais que estão em cativeiro a salvos.

 
No próximo dia 29 de novembro, daqui a 11 dias, o convênio entre a Petrobras e a Fundação Animália chegará ao fim e não foi renovado. Caso a situação não seja solucionada o mais rápido possível, cerca de 240 animais silvestres não terá o que comer no próximo mês. A despesa com alimentação, por semana, é de R$ 2 mil.

 
Lá estão abrigados nove pumas, três onças jaguatiricas, um gato do mato, um tamanduá bandeira, quatro cachorros do mato, três capivaras, quatro macacos prego, além de aves marinhas, pinguins, lobo guará, corujas, gaviões, pássaros apreendidos ou machucados, dezenas de araras, entre muitos outros, que chegaram até a Fundação precisando de tratamento ou apenas de um lugar para ficar até o final dos seus dias.

 
Entre eles, tem uma onça que está cega devido à idade avançada e um puma que foi capturado com diversos ossos quebrados e hoje fica em um espaço pequeno porque se andar demais os ossos podem voltar a quebrar. O caso mais grave é de uma preguiça que foi eletrocutada e está com queimaduras de 3º grau.

 
Para tratar os animais, a equipe da Fundação, sob a coordenação do presidente e biólogo André Rossi, conta com uma veterinária, Fabrícia Medeiros, e três ajudantes.
Eu perguntei se ela não tinha medo de caminhar pelo mata sozinha e tratar dos animais selvagens. (Eu confesso, mesmo com os animais presos, eu senti medo e quase não consegui fotografar).  

 
 “Não existe medo. O que me deixa mais feliz é quando recebo um animal debilitado e o vejo voltando à natureza, isso não tem preço”, explica.
O biólogo André Rossi recordou de um tamanduá mirim que chegou à Fundação com uma fratura exposta de crânio e conseguiu se recuperar. “Qualquer pessoa podia pensar em eutanásia, mas optamos por trata-lo”, conta.
Assista o vídeo da soltura das araras à natureza, após o tratamento e recuperação na Fundação Animália:


No passado, a equipe da Fundação chegou a contar com 10 pessoas, sendo três veterinários.
“Se o convênio não for renovado, os animais não terão para onde ir. Eu arrumo outro emprego, mas e os animais?”, pergunta Fabrícia com os olhos marejados de lágrimas.
Foi difícil não começar a chorar também , mas com algum esforço eu consegui me conter.
O momento agora é de indignação e luta!

 
Não é possível que a Petrobrás e o Ibama que, por mais de 10 anos, acompanharam o trabalho da Fundação, não estejam preocupados e comprometidos em resolver a situação que eles mesmo ajudaram a criar.
Minha gente, vamos resolver essa situação com urgência porque os animais não poderão ficar sem comida ou deixar de receber os remédios.
Lá tem animais que viverão em cativeiro por mais 10 anos e é justo agora tirar esse direito deles, que lutaram tão bravamente contra os maus tratos ou sofrem sequelas de acidentes terríveis?

 
Se ninguém fizer nada, rápido, é exatamente isso o que vai acontecer.
O biólogo André Rossi ainda tem esperança de que tudo se resolva e está movendo o céu e a terra para isso. Existe um abaixo assinado na Internet, que eu peço para que todos assinem:


Esse documento é fundamental para embasar a manifestação popular junto ao Ministério Público, que já está em andamento, pedindo a continuação do trabalho da Fundação Animália.  

História – O biólogo André Rossi começou a trabalhar com a recuperação de animais silvestres, em 1991. Em 1997, foi constituída a Fundação Animália. Pouco tempo depois, em 2001, a Fundação passou a contar com o patrocínio da Petrobras e foi transformada em um Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS).
Em 2009, o patrocínio da Petrobras foi transformado em convênio, o mesmo que termina no dia 29 de novembro, deste ano. Ou seja, daqui a 11 dias!!
O CETAS presta atendimento há 40 cidades da região, recebendo também os animais silvestres trazidos pelo Ibama de diversos Estados Brasileiros, como o Ceará e Roraima.
O lugar não é aberto à visitação para que os animais que serão devolvidos ao seu habitat natural não sejam “Humanizados”.

 

 

 

 

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