sábado, 28 de fevereiro de 2015

DICA DE LIVRO | Holocausto Brasileiro, de Daniela Arbex


Ao ler a última frase do livro, o sentimento é de consternação. Como pude ficar tanto tempo alheia a uma situação que levou ao genocídio de 60 mil brasileiros, mortos no maior hospício do Brasil?

Eu que já li tantos livros sobre o extermínio dos judeus na Alemanha, durante a 2ª Guerra Mundial, desconhecia que o Brasil um dia já teve também o seu campo de concentração.


O livro conta, através dos relatos dos funcionários, dos pacientes sobreviventes e de seus familiares, o horror que passava atrás dos portões do maior hospício do Brasil, conhecido como Colônia, na cidade mineira de Barbacena.

A maioria dos doentes era internada a força e 70% não tinham diagnóstico de doença mental. Eram epiléticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, gente que se se tornara incômoda para alguém com mais poder. Eram mulheres grávidas dos patrões, esposas confinadas para que o marido pudesse viver com a amante e filhas de fazendeiros que perderam a virgindade antes do casamento.

As pessoas entravam no hospital e desapareciam da sociedade. Ali elas perdiam suas identidades, comiam ratos, bebiam água de esgoto ou urina, eram espancados e violados. Alguns morriam de fome, de frio e doença e seus corpos eram vendidos para as universidades de medicina.


A autora conta que na época, durante algumas vezes, a situação foi trazida à tona por jornais, mas as pessoas logo se esqueciam das imagens do horror e tudo continuava igual.
Os moradores da cidade fingiam não saber o que estava acontecendo por trás dos portões do hospício, mesmo quando viam os doentes magros e tristes passando frente as suas casas carregando os corpos dos amigos mortos.




E os funcionários? Não se trata de pessoas que estavam trabalhando lá obrigadas ou ameaçadas de morte.

O livro traz à tona essa história vergonhosa do nosso país, que ainda continua desconhecida de muitos. Mas, também, serve como um alerta para a cegueira da sociedade diante de outras situações de injustiças sociais.

E fica a pergunta? Até aonde vai a loucura das pessoas que se consideram donas da razão. 

  

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