segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Cusco: O umbigo do mundo



No post anterior eu dei algumas “dicas de sobrevivência” para quem planeja viajar pela primeira vez para Cusco, no Peru.
Neste post, eu vou mostrar os lugares que nós (eu e meu super marido) visitamos nesta cidade para você ter uma ideia do que vai encontrar por lá.



Na primeira noite em Cusco, nós fomos jantar no restaurante Limo, de culinária japonesa, que fica em frente à Praça das Armas. É um lugar concorrido, por isso, indico ligar para reservar uma mesa. 


Os sucos de frutas são deliciosos, a comida muito bem servida (vá com calma!) e a vista da varanda é privilegiada.


De lá é possível ver a cidade toda iluminada e ter uma ideia da sua dimensão, ao contrário do que pensei, Cusco é bem grandinha. 


Na manhã seguinte, iniciamos nosso passeio pelo Centro Histórico. 
O primeiro lugar que visitamos foi o Convento de Santo Domingo ou Coricancha (15,00 soles), que ficava a poucos passos do nosso hotel. 


Nós optamos por fazer o passeio sem a companhia do guia, mas hoje percebemos que foi um erro. 
Apesar da ajuda do áudio guide, não conseguimos compreender muito bem o que vimos, por todo lado só tinham pedras e mais pedras. 


Até nos aproximamos de alguns grupos para tentar ouvir as histórias, mas a mistura do nosso espanhol ruim e constrangimento não nos ajudou.



O jeito foi tirar o máximo de fotos e depois pesquisar no google e em outros blogs as histórias do lugar.
Coricancha e  significa templo dourado e foi construído pelo imperador inca Pachacuti, em espanhol Pachacútec (Você vai ouvir muitoooo esse nome durante a viagem). 


Era um local sagrado, de rituais e oferendas ao deus Sol. As paredes foram construídas com pedras lisas, encaixadas.
Na época do império inca, elas eram cobertas por folhas (lâminas) de ouro sólido e os espaços nas paredes eram  preenchidos com estátuas douradas. 


O Templo do Sol era também um observatório onde altos sacerdotes monitoravam atividades celestes. 

Foi destruído pelos conquistadores espanhóis, mais precisamente pelos religiosos dominicanos que sobre ele construíram o Convento e a Igreja de Santo Domingo.


Em 1950, um grande terremoto destruiu a construção dos padres e expôs o Templo do Sol, que resistiu firmemente, graças às técnicas incas de construção.


Depois de passear pelo templo, seguimos para a Catedral de Cusco, localizada na Praça das Armas, que levou 100 anos para ser construída. É uma construção imponente e fabulosa. 


Quando nós chegamos estava tendo uma festa em frente à igreja, com pessoas dançando na rua e vestindo trajes típicos. Eu adorei. 



Há muita coisa para ver na catedral, como o altar principal feito em prata maciça e as esculturas em madeira de cedro, que representam bispos, papas e santos.
A escultura que mais chama atenção é o Cristo Negro, também chamado pelos moradores de Senhor dos Terremotos, ou Taytacha. Essa imagem é cercada de histórias e lendas. Eu gostaria de mostrar a você, mas é proibido fotografar.

Estátua do Pachacuti, imperador inca, no centro da Praça das Armas
Na saída da igreja, encostado na porta, havia um pequeno bloco de pedra e passaríamos despercebidos se o nosso guia não tivesse despertado nossa atenção.
Esse bloco representa um Deus inca (que eu não me lembro o nome) e até pouco tempo ficava no altar, mas foi retirado por ordem de um padre porque não poderiam existir dois deuses na igreja.


Assim, depois de muita discussão, decidiram deixar o Deus inca dentro da igreja, mas distante do altar.
Depois que fiquei sabendo da história, entendi porque tinha um flor bonita em cima dele.
Já pensou se eu tivesse sentado encima dessa pedra? Podia ter acontecido, como eu ia saber que se tratava de um Deus? Pois é, todo cuidado é pouco.


Nossa próxima parada foi no Mercado de San Pedro.
Ao contrário de muitos mercados onde só frequentam turistas, esse é frequentado pelos moradores.


Há muitas barracas servindo comida e sucos naturais e ficam cheias na hora do almoço.
Eu fiquei observando o que eles comiam e confesso que não me senti nem um pouco tentada a provar.

Hummm... comidinha de rua em frente ao Mercado de San Pedro. Você encararia?
Por outro lado, fiquei encantada em ver a variedade de frutas, legumes e muito apaixonada pelos produtos feitos à mão.
É um lugar agitado, mas sobretudo colorido. Tem tanta coisa legal, que eu poderia ficar lá o dia todo.


Ula lá essa cerveja estava incrível. Ahhh... o sanduíche também. 
Saindo do mercado,  nós fomos comer um lanche no Papacho's, hamburgueria do top chef peruano, Gaston Acurio. O sanduíche é uma delícia e o atendimento nota 10. Sem falar nas cervejas artesanais...Vale a pena conhecer.
Após o almoço e a pausa para descansar as pernas, decidimos caminhar sem rumo pela cidade. Não esquece de caminhar devagar.


Quando percebemos estávamos em frente a igreja de San Blas, um bairro cheio de jovens mochileiros e com intensa vida cultural.


Esse local está repleto de feirinhas, ateliês e cafés muito charmosos.
Nós fizemos uma parada obrigatória para tirar foto em frente a Pedra dos Doze Ângulos.


Dá para ver como eram preciosas as construções incas, erguidas em pedras que foram encaixadas uma a uma, sem o uso de argamassas, e que se mantêm intactas até hoje. 


No final deste dia, fomos ao Café Atelier - um lugar super charmoso. À noite, quando as luzes acendem, Cusco ganha uma cor dourada e fica ainda mais bonita.
Eu me lembro que nos sentamos de frente a uma janelinha, ficamos olhando a cidade e ao mesmo tempo tentando absorver tudo que vimos e sentimos durante o dia. 


Antes de irmos para o hotel ainda fomos jantar no Restaurante Rúcula, bem pequeno, quase escondido, que serve uma comidinha leve e deliciosa. Ah! e muito florida. 


É preciso um tempo para se familiarizar com alguns nomes e símbolos sagrados para os incas. 
Em Cusco, você vai entrar em um mundo diferente, onde animais representam forças sobrenaturais, ouvirá muitas histórias sobre deuses e vai aprender a reconhecer o poder dos elementos da natureza: o fogo, a água, o ar e a terra. 
Pode até chegar a se perguntar quem eram os incas: será que eram deuses ou homens? 


Também poderá ficar com raiva dos invasores espanhóis, coisa que talvez nunca tenha passado pela sua cabeça.
É impossível não ficar nem um pouco sensibilizada ao observar a destruição de uma cultura tão completa e rica. 
Eu acho que poucas pessoas tem noção do quanto a dominação espanhola no Peru foi violenta, mas chegando lá isso vai ficar evidente. 
Basta reparar nas construções em estilo espanhol que hoje ocupam as ruas da cidade e foram erguidas sobre bases de pedra. 
Cada uma delas está situada sobre templos ou residências dos incas. Como devia ser essa cidade antes disso acontecer?  


Mas, não são apenas coisas bonitas, históricas e místicas que você vai encontrar em Cusco. 
Aqui também existem cenas tristes. Eu não pude deixar de reparar nas mulheres idosas, que vi carregando trouxas pesadas nas costas até tarde da noite.  
Elas eram muitas, andavam concundas e ficavam pelas ruas e calçadas oferecendo produtos de todos os tipos. Pode ser um costume, mas sinceramente elas não me pareciam muito felizes. 
Fiquei me perguntando se isso seria diferente se a história fosse outra. O que você acha?     




















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